O escritor francês Romain Rolland (1866–1944) disse: “O espírito jovem é encantador”.1 A vitalidade física diminui com o tempo, mas o espírito jovem é eterno. E o dramaturgo e poeta alemão Friedrich von Schiller (1759–1805) escreveu em sua peça sobre Joana D’Arc, A Donzela de Orleans:
“Com toda certeza
Assim como a alvorada retorna com sua luz radiante
O dia da verdade infalivelmente virá!”2
Que palavras inspiradoras! As palavras que realmente sensibilizam o coração nascem do espírito de luta. O importante é encarar a vida com uma atitude corajosa e positiva. Quando sofrem derrotas e desapontamentos, frustrações ou doenças, as pessoas perdem a convicção e deixam o medo dominá-las. No entanto, em ocasiões assim é que precisamos realizar um esforço consciente para avançar com força e coragem. Quando dizem para si mesmas “Na próxima vez, vencerei!” ou “Vou melhorar e conseguir!”, vocês já venceram.
Levantem a cabeça, fiquem eretas e continuem a avançar! Os vitoriosos espirituais são os maiores vitoriosos de todos! Essa é a essência da fé.
Há aproximadamente setenta anos, Pearl S. Buck (1892–1973), primeira mulher americana a receber o Prêmio Nobel de Literatura, lançou a biografia de sua mãe, intitulada The Exile: Portrait of an American Mother (Exílio: Retrato de uma mãe americana). Embora criando um filho com uma grave doença mental, Buck escreveu muitas obras famosas, entre elas, A Boa Terra. Ela é famosa pelos esforços para promover a paz e pela franqueza com que combatia a discriminação, o preconceito e a violência.
Ela também atuou como uma ponte entre a China e os Estados Unidos, ensinando inglês durante certo tempo na Universidade de Nanking, da China (atual Nanjing). A propósito, um parente de Buck é membro da SGI dos Estados Unidos (SGI-USA).
Buck sentia um profundo amor e respeito pela mãe, Caroline Sydenstricker. Seu pai, Absalom Sydenstricker, era missionário cristão. Após terem se casado, seus pais foram para a China realizar atividades missionárias. A vida nesse país desconhecido foi uma série de dificuldades inimagináveis. Dos sete filhos de Caroline, três morreram vítimas de uma epidemia. Além disso, naquela época a China estava ocupada por várias forças estrangeiras; em consequência disso, os estrangeiros eram alvo do ódio dos chineses e sua vida estava sempre em risco.
Mas Caroline Sydenstricker era uma mulher de espírito nobre. Ela continuou destemida apesar das várias provações pelas quais passou e se empenhou diligentemente para ajudar o povo chinês. Ela serviu aos chineses de muitas formas, entre elas, abrindo uma pequena enfermaria para as mães e crianças e dando aulas de leitura. Ela ouvia com calorosa compreensão as trágicas histórias das mulheres chinesas, tornando-se mãe, irmã e amiga devota delas. Essas mulheres, por sua vez, sentiam grande afeição por ela e ficaram do seu lado. Foi um período feliz e realizado da vida de Caroline.
Caroline, conforme escreveu Buck, tinha uma certeza: “Que ela devia fazer o que pudesse para ajudar qualquer pessoa que se aproximasse dela e que precisasse de ajuda — os filhos, vizinhos, empregados, transeuntes”.3 Recordando-se da energia e vitalidade da mãe, Buck também diz: “Ela foi a pessoa mais humana que já conhecemos, a mais complexa em sua pronta compaixão, em suas saraivadas de alegria...”4
A ampla humanidade de Caroline transformou o antagonismo e o preconceito daquelas pessoas que estavam a sua volta em confiança e respeito. Ela brilhava como o caloroso sol da família, não importando o quanto a situação estivesse difícil. Buck escreveu: “Sua voz clara sempre transmitia triunfo, apesar de toda a vida obscura e turbulenta que nos oprimia”.5 Acontecesse o que acontecesse, sua mãe estava determinada a enfrentar qualquer adversidade, e essa determinação, diz Buck, deu a sua mãe “paz de coração e espírito”.6
Caroline estava sempre sorridente e tinha um agradável senso de humor, recorda-se Buck. E, apesar de seu dia bastante atarefado, ela sempre encontrava tempo para ler: “Não havia nada que ela mais adorava em segredo que um bom romance, pois ela era humana bem na essência de seu coração e as ações das pessoas interessavam-lhe mais que qualquer outra coisa”.7 Ao mesmo tempo, ela comparava as revistas vulgares a lixo, declarando: “Não coloco lixo na cabeça da mesma forma que não ponho lixo na boca”.8 Graças à influência da mãe, declara Buck, ela e os irmãos “formaram desde cedo o gosto pelo que há de melhor”.9
Em seus últimos anos de vida, quando estava acamada por causa da doença, Caroline disse: “Lembrem-se de que meu espírito segue bem. Não tenho medo. (...) Morrerei com alegria e triunfo — eu partirei de alguma forma”.10 Esse foi o grito de vitória de uma honrada mulher cujo trabalho humanitário na China durou quatro décadas.
Tendo vencido tantas dificuldades juntas, Buck salienta que nunca viu a mãe com medo. Na conclusão de Exílio: Retrato de uma mãe americana, Buck diz com profunda consideração: “Mas se ela pensava que sua vida havia sido curta, para nós, entre os quais ela viveu, que vida foi aquela!”11
As mulheres Soka também estão expandindo amplamente nosso nobre e humanístico movimento de paz e felicidade pelo mundo inteiro. Tenho certeza de que seu nobre exemplo será aplaudido e lembrado eternamente.
Pearl Buck também escreveu: “A necessidade está aqui, a oportunidade está esperando. Cabe agora às mulheres considerar a si próprias e também essa porta aberta”.12 Não há nada mais forte que uma rede de mulheres esclarecidas.
Nossa querida amiga, a falecida Rosa Parks (1913–2005), mãe do movimento americano pelos direitos civis, disse certa vez: “Devemos aprender a trabalhar juntos. Ninguém consegue empreender uma luta eficaz pela justiça sozinho”.13 Solidariedade é força. Conforme Daishonin diz: “Se o espírito de muitas pessoas com um único pensamento prevalecer entre as pessoas, elas concretizarão todos os seus objetivos”. Gravando essa mensagem no coração, vamos trabalhar juntos e continuar a avançar com união.