Com base no discurso do Líder da SGI, Daisaku Ikeda, proferido no Encontro dos Alunos do Século 21 da Escola Soka de Tóquio, realizada junto com a cerimônia de entrega de títulos do Distrito Khangalas, na República de Sakha, da Federação Russa, e da Faculdade Feminina Soka Ikeda de Artes e Ciências e também a Escola Secundária de Matrícula Sethu Bhaskara, ambas de Chennai, na Índia. A reunião foi realizada no ginásio da escola em Kodaira, Tóquio, no dia 16 de setembro de 2001.
O famoso educador suíço Johann Pestalozzi (1746-1827) chamava os ex-alunos da escola que ele havia fundado de amigos, irmãos e irmãs, e também de fundadores da escola. Os alunos da primeira turma de formandos de sua escola haviam ingressado em uma instituição nova e ainda desconhecida. Estudando bastante sob a orientação de Pestalozzi, esses alunos uniram-se a ele na construção de uma escola que contribuísse para a paz mundial.
Antes de falecer, o gigante da literatura russa, Leon Tolstoi (1828–1910), escreveu uma carta ao líder espiritual da Índia, Mahatma Gandhi (1869-1948). Nessa carta, que poderia ser lida como um preceito para a posteridade, Tolstoi escreveu com vigor da absoluta inaceitabilidade do uso da violência, considerada do ponto de vista do mais nobre princípio da vida — o amor pela humanidade. Ele incentivou firmemente o jovem Gandhi, declarando que a ação não-violenta que ele promovia era o movimento mais importante do mundo, e que ele prognosticava uma época em que as pessoas do mundo inteiro se uniriam nesse esforço em prol da paz.
Nós também estamos percorrendo esse caminho grandioso e verdadeiro.
Uma bela canção de Sakha [Rússia] que enaltece a importância da amizade para a paz traz os seguintes versos:
Paz, uma maravilhosa palavra,
Os povos do mundo esforçam-se para ouvir,
Como se fosse um hino.
Quando milhões de corações se unem,
Aqueles que iniciam as guerras da ruína com certeza vacilarão.
Chegou a época de despertar um amplo consenso sobre a paz e o diálogo no mundo inteiro.
Recebi muitas mensagens sinceras e análises profundas de pensadores e intelectuais do mundo todo a respeito dos recentes ataques terroristas ocorridos nos Estados Unidos [em 11 de setembro de 2001]. Em que ponto todos eles concordam? Há várias medidas de curto prazo que podem ser implementadas para combater a violência e o terrorismo, mas a única solução a longo prazo que seja viável e fundamental é a educação. Não há outra alternativa a não ser educar as pessoas sobre os valores humanitários e visões de vida mais nobre para estabelecer uma base de paz e estabilidade para a humanidade nesta época tumultuada. Devemos nos empenhar para criar um século que preserve a dignidade da vida, um século firmado na educação humanística.
Na noite dos terríveis ataques terroristas de 11 de setembro, os alunos [Universidade Soka da América — SUA] decidiram, por iniciativa própria, realizar uma vigília especial à luz de velas na Fonte da Paz, que fica no campus da universidade. Soube que muitas pessoas da comunidade local uniram-se a eles naquela ocasião, quando os alunos manifestaram sua determinação de se tornarem pessoas que contribuíssem para a paz mundial, para o bem das muitas vítimas da tragédia. O evento proporcionou aos membros tanto da SUA como da comunidade local a oportunidade de compartilharem sua dor, sua tristeza e suas esperanças.
Foram publicadas durante dois dias seguidos reportagens sobre a vigília nos principais jornais regionais. Os membros dos Estados Unidos gentilmente me enviaram cópias.
Em todos os campos da sociedade, nossos alunos Soka estão se empenhando com coragem e determinação e estão vencendo na vida.
Rabindranath Tagore (1861–1941), o eminente poeta indiano que também fundou sua própria escola, escreveu: “A liberdade do homem é nunca estar livre de problemas, mas sim a liberdade de assumir o problema para seu próprio bem, de tornar o problema um elemento de alegria.” Tornar o problema um elemento de alegria — esse é o espírito de um leão.
Soube que no Distrito de Khangalas, em Sakha [Rússia], que me tornou seu cidadão honorário no dia de hoje, há uma rua com o nome de um herói, Konstantin Neustroev-Ursik. Ele foi um jovem defensor que doou a própria vida à revolução para libertar o povo há aproximadamente 120 anos. Tolstoi descreveu-o em um de seus romances. Creio que as últimas palavras de Neustroev-Ursik têm muito em comum com o espírito da Escola Soka. Suas últimas palavras foram: “Eu era um trabalhador comum. Mas nunca traí minha bandeira. Eu acredito nessa bandeira. E hasteio a bandeira da vitória bem alto!”
Recusar-se a trair — esta é a diferença entre uma pessoa de virtude e uma pessoa vil e inescrupulosa.
Vamos então reunir novamente a eterna paixão da juventude com a qual cantaremos para sempre nossa canção escolar e viver de forma vitoriosa, livres de quaisquer arrependimentos! Vamos viver com coragem e determinação, vamos viver como leões!
Retroceder é ser derrotado. Avançar sempre, continuar a seguir em frente independentemente do que aconteça — assim é viver de forma grandiosa.