Com base em discurso proferido em uma conferência de líderes da Divisão Feminina realizada em Shinjuku, Tóquio, no dia 10 de fevereiro de 2006, com a presença da Sra. Kaneko e várias representantes do exterior.
Gostaria hoje de compartilhar as palavras de alguns sábios pensadores e filósofos. Permitam-me iniciar com a Sra. Xie Bingxin (1900–1999; mais conhecida pelo pseudônimo Bing Xin), grande escritora chinesa de quem eu e minha esposa éramos muito amigos. Ela escreveu as seguintes palavras: “Realmente não sei como o mundo seria se não houvesse nenhuma mulher! (...) Sem mulheres, o mundo perderia cinquenta por cento de verdade, sessenta por cento de benevolência e setenta por cento de beleza”.1 Esses sentimentos nos fazem refletir. E o que seria da Soka Gakkai se não fossem as mulheres? Precisamos valorizar as mulheres ainda mais que antes.
Espero que vocês, as mulheres de nosso movimento, cultivem um profundo senso de missão. Não voltem atrás nem hesitem. Bradem com coragem pelo que é certo com uma voz clara e sonora.
Permitam-me passar agora para as palavras da ativista social americana e ex-primeira-dama Eleanor Roosevelt (1884–1962). A Sra. Roosevelt disse certa vez: “Aprecio uma boa luta e não poderia, em qualquer idade, ficar realmente satisfeita em tomar meu lugar num canto abrigado do calor do fogo e ficar simplesmente observando”.2 São requintadas palavras, que muito têm em comum com o espírito da Soka Gakkai. Lutar por algo é estar vivo. Desafiar algo é a própria vitória; é uma fonte de felicidade.
A poetisa brasileira Cora Coralina (1889–1985) escreveu: “A vibrante palavra luta anima o fraco e desperta o forte”.3 Tudo começa com o espírito de luta. É importante continuar a se empenhar. Estagnação é morte, ao passo que avanço é vida. Continuar a avançar é uma prova de que estamos vivos.
A Sra. Roosevelt também disse: “É muito curioso que em geral as pessoas que se recusam a assumir qualquer responsabilidade são aquelas que fazem as mais mordazes críticas às que assumem”.4 Essa é uma observação digna de ser lembrada. São sempre as pessoas indolentes e que não se envolvem as que fazem as mais duras críticas aos que assumem pesadas responsabilidades. Mas não devemos dar atenção a essa crítica irresponsável e sim continuar a avançar com coragem. A vitória pertence àqueles que perseveram.
A “Grande Alma” da Índia, Mahatma Gandhi (1869–1948), declarou: “Se alguém crê que a mulher é fraca, eu diria que não há nenhuma mulher no mundo que seja fraca. Todas são fortes. Todas aquelas que possuem firme fé em sua religião são fortes, e não fracas”.5 A força vem de dentro e é determinada pela firmeza de nossas convicções. Verdadeiramente fortes são aqueles de espírito forte. É por isso que os membros das Divisões Feminina e Feminina de Jovens, que possuem forte fé na Lei Mística — a eterna Lei do Universo que tudo abrange — são os mais fortes de todos. Elas nunca serão derrotadas pelo carma nem por nenhuma forma de adversidade. Com certeza vencerão e triunfarão sobre todo desafio e dificuldade. Sem dúvida, atingirão o magnífico estado de vida de total vitória que atrairá ampla admiração.
Gandhi também disse: “Saber que uma mulher é mais que um homem é a verdadeira educação”.6 Essa é realmente uma declaração reveladora. Eu tenho me empenhado muito, há vários anos, para conduzir o mundo nessa direção.
O simples fato de a pessoa ter se formado numa escola de prestígio não significa necessariamente que ela seja bem-educada. A pessoa pode ter elevadas credenciais acadêmicas e posição social, mas se discriminar as mulheres e tratá-las com arrogância, é na verdade ignorante e inculto. Respeitar sinceramente as mulheres é a marca da pessoa bem-educada e culta.
Algumas pessoas dizem que as mulheres são honestas e sinceras, ao passo que os homens conseguem ser desonestos e destrutivos. As organizações que dão precedência aos homens e que não valorizam nem respeitam as mulheres estão destinadas ao fracasso. A visão tradicional de um “cavalheiro” é a do homem disposto a dar a vida para proteger e apoiar as mulheres. Os países e as sociedades em que prevalecem esse tipo de atitude são os que prosperarão e progredirão. Nós realmente entramos na era das mulheres.
O presidente Toda costumava dizer: “Somente a pessoa genuinamente sincera consegue perseverar na prática do Budismo de Daishonin. Os membros da Soka Gakkai são sinceros. Portanto, devemos estimá-los”. O Sr. Toda também nos ensinou que os membros que se empenham como modelos de fé e prática devem ser respeitados e estimados como emissários do Buda. Nesse sentido, sempre me empenho para fazer tudo o que puder para elogiar e expressar minha consideração por nossos preciosos membros, que são iguais aos budas.
Os dirigentes precisam valorizar os membros da Soka Gakkai muito mais do que estimam aos seus próprios pais. É totalmente imperdoável para qualquer líder menosprezar os membros. Os dirigentes nunca devem tentar dominar os membros autoritariamente; ao contrário, seu papel é apoiá-los e ajudá-los a crescer e se desenvolver.
Em outra ocasião, o Sr. Toda declarou: “O primeiro passo é sempre obter o apoio das mulheres. Nenhuma fé nem filosofia consegue tornar-se uma força arraigada na vida diária sem isso. E também o ideal de democracia somente fica firmemente garantido graças a um elevado nível de consciência por parte das mulheres esclarecidas”. O Sr. Toda tinha o máximo respeito pelos membros da Divisão Feminina.
O kosen-rufu não é algo que existe separado da realidade. O movimento em prol do kosen-rufu que estamos promovendo envolve a transformação de nosso carma, a criação de um oásis de felicidade na família e na comunidade e a condução da sociedade para uma direção mais positiva. Exatamente agora, os membros da Divisão Feminina estão se empenhando com dinamismo e energia ainda maiores para expandir nosso movimento Soka. Elas estão difundindo a luz da compreensão e da confiança por todas as partes. Tenho certeza de que o Sr. Toda ficaria muito contente com isso.
Nichiren Daishonin escreveu: “Os benefícios que Nichiren [o discípulo] obtém da propagação do Sutra do Lótus sempre retornarão para Dozen-bo [o mestre]”. Propagar a causa do kosen-rufu é o supremo caminho para saldar as dívidas de gratidão para com o mestre. Com esse espírito, lutei com todas as minhas forças pelo Sr. Toda e pelo kosen-rufu. A grandiosa batalha para expandir nosso número de membros que lancei no Distrito Kamata (em 1952), o ponto de partida para nossa Campanha de Fevereiro anual, começou com a minha forte determinação de discípulo de cumprir o juramento do Sr. Toda de concretizar o objetivo de 750 mil famílias.
Em sua peça Conforme quiseres, Shakespeare (1564–1616) escreveu:
Sopre, sopre
vento do inverno,
Tua arte não é tão rude
Quanto a ingratidão
do homem.7
A ingratidão é mais fria que o vento do inverno, diz o poeta. Ter gratidão é próprio do comportamento humano. O sentimento de gratidão é mais caloroso e brilha com ainda mais beleza do que a luz do sol da primavera.