Imagine se, neste momento, alguém interrompesse sua leitura e dissesse “precisamos fugir, agora, pegue poucas coisas e corra”. Neste instante, escuta o barulho de uma bomba na rua e corre. Em busca de um local seguro, você vai parar em um território em que não falam seu idioma e a cultura é diferente. Como você se sentiria?
Esse é um dos desafios que muitas pessoas em situação de refúgio precisam enfrentar. Elas não se deslocam por vontade própria para melhorar sua condição. São forçadas a se deslocar por essa ser a única opção para salvar sua vida. Diversos são os motivos: conflitos armados, perseguições ideológicas, de raça, de religião e até por questões de gênero e de orientação sexual.
Eu me envolvi com refugiados quando o Dr. Daisaku Ikeda trouxe a resiliência como pauta numa proposta de paz. Com imensa sensibilidade aos acontecimentos do mundo, ele sempre se mostrou à frente das discussões sociais, trazendo alternativas para a construção de um mundo mais humano.
Ler e aplicar a Proposta de Paz me proporcionou expandir e enriquecer minha vida e compartilho com vocês reflexões e experiências sobre o tema.
Daisaku Ikeda esclarece: “(...) são nossos semelhantes, não são diferentes de nós. Elas apenas nasceram em diferentes países e têm diferentes origens e histórias de vida". (Terceira Civilização, ed. 585, 13 maio 2017, p. 16)
Se pensarmos o que nos aproxima e o que nos afasta dos refugiados perceberemos que provavelmente muitos dos pontos destacados como motivos para nos afastar estarão baseados na falta de informação e preconceito.
Mas, o que nos aproxima das pessoas? A dignidade da vida não basta?
Se alegarmos diferenças XYZ e aplicarmos em nós, perceberemos que ao apontar para o outro nos distanciamos também do mundo. Um mundo que você também faz parte, em que a essência da vida já deveria bastar.
Eu me lembro do dia em que recebi um refugiado e ao chamá-lo pelo nome ele caiu em prantos. Depois me disse que há tempos não o chamavam pelo nome e o tratavam como ser humano. Negar acolhimento aos refugiados é o mesmo que negar-lhes o direito de viver e o seu direito de viver em circunstâncias diferentes também.
Não deixo de reconhecer a necessidade de uma estrutura para acolher os refugiados. Mas, pensar na economia e outros fatores como determinantes para acolhê-los ou não é desumano. Por isso, Daisaku Ikeda destaca em suas propostas de paz a importância de países desenvolvidos auxiliarem os países em desenvolvimento nesta acolhida.
Mas, se a crise está tão longe e se você não encontra um refugiado todo dia, o que pode fazer a respeito disso?
Ao chegarem no Brasil, o acolhimento e a integração são fundamentais para o desenvolvimento da resiliência e do empoderamento. Neste sentido, todos podemos auxiliar pessoas em situação de refúgio com a propagação de uma cultura de paz. A informação seguida do desenvolvimento de indivíduos que valorizem a dignidade da vida, contribui diretamente para um mundo melhor aos refugiados e os demais.
Afinal, como Daisaku Ikeda nos auxilia na compreensão: “Não podemos criar um futuro melhor sem combater diretamente os desafios que esses grupos enfrentam”. (Ibidem)
Enquanto existir um único refugiado no mundo, significa que a dignidade da vida dele está violada, que ainda existem conflitos no mundo que influenciam diretamente a vida humana. E, assim, a dignidade da vida de todos ainda estará violada! Nesse sentido, vamos exercitar nossas ações com base na Proposta de Paz – uma ferramenta riquíssima que nos direciona e traz a visão de atuação para aplicarmos em nossa localidade e no mundo.
Você pode assistir uma entrevista da jovem para o SeikyoPost em: https://www.youtube.com/watch?v=G7u1Gl5c7L0